Poeme-se

No poema, as palavras – mais do que em qualquer outra forma do oral ou do escrito – deixam de ser funcionais para a construção de uma história, “esquecem” de ser úteis e passam a fazer “outra coisa”, como gestos fazem “outra coisa” no teatro ou os sons na música. Isso gera uma força muito mais poderosa do que a simples soma dos elementos que constituem o poema, alcançando um resultado que se aproveita de um modo misterioso das qualidades de cada uma das partes. Todo bom poema é, então, um pequeno triunfar sobre o caos e, também, sobre o plano, o literal, o fechado, o puramente racional e o unívoco.

María Teresa Andruetto

É incrível pensar que as mesmas palavras que podem compor uma bula de remédio ou uma sentença judicial, arranjadas de outras formas, podem construir um poema e resultar em algo que preenche de outras formas e com outros sentidos nosso olhar e nossos pensamentos.

Assim, esse poder da língua pode produzir arte em forma de poemas. E, como a apreciação e o desfrute da arte são também uma necessidade humana, nossa equipe, nessa indicação literária, considerando o contexto atual, julgou que seria uma boa ocasião propor a leitura de poemas, de forma que possamos preencher nossos momentos e mentes com beleza e reflexões de outra ordem.

Foi com esse desafio que selecionamos alguns livros para compartilhar com nossa comunidade. Para começar, entraremos pelo oriente, na seleção de alguns haicais feita pela querida Neusa. Ela nos conta que os haicais (ou “haikai” ou ainda “haiku”) surgiram no Japão, no século XVI, com Matsuo Bashô. São pequenos poemas compostos sempre por três versos cuidadosamente organizados em dois de cinco sílabas e um, o segundo, com sete sílabas.

Para que possam conhecer, Neusa indica:

Haikais, Millôr Fernandes (Editora Senazala)

Millôr Fernandes, carioca, nasceu em 1923 e faleceu em 2012. Foi desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista.

Seu interesse pelo haicai começou em 1957, quando escrevia a seção de humor Pif Paf na revista “O Cruzeiro”. No livro que selecionamos, os haicais foram escritos entre 1957 e 1963.

Ao compor os poemas, Millôr não se prendeu à metrificação, mas explorou o uso de rimas em toda extensão do livro. Como podemos apreciar em:

No meio do atalho

Meu velho pai

É um espantalho.

Os pequenos poemas do livro se centram principalmente em reflexões sobre a vida, sobre a nossa existência humana e sobre as coisas simples do dia a dia.

Apreciem mais um pouquinho:

A minha avó

Sempre foi justa;

Hoje está só.

Meu sonho é micho

Ter a felicidade

Que outros põem no lixo.

Haikai para Van Gogh, Estela Bonini (Editora Aliança Cultural Brasil-Japão)

Estela Bonini nasceu em São Paulo, em 1949, e formou-se na área da Saúde e Ciências Sociais. É uma poeta reconhecida por seus haicais. Neste livro, os poemas foram inspirados nos quadros de Van Gogh com o objetivo de homenagear o pintor e também o próprio gênero. Para isso, a autora selecionou algumas obras do artista para escrever diferentes haicais.

Os poemas valorizam o momento: é como um flagrante do olhar sobre um detalhe da natureza representada.

Observem que a autora não faz uso do recurso de rimas:

Chega o outono

Na alameda as folhas

aquecem o chão…”

” O tempo pára

quando presos os girassóis

dentro das casas …

A seleção de livros feita por Renaldina (nossa Dina), passou por importantes referências de poemas para crianças. Entre eles Roseana Murray, José Paulo Paes, Marina Colasanti e Manoel de Barros.

Manual de delicadeza, Roseana Murray. Ilustrações: Elvira Vigna. (Editora FTD)

“Este é um livro em que a autora escolheu cuidadosamente as palavras, não só as que rimam, mas as que formam frases ‘delicadas’ e que sentimos ‘como carinhos'”, diz Dina. “A cada poema que li tive um envolvimento tão grande que nem consigo explicar. Justamente nesse momento difícil que passamos, lendo senti saudades de pessoas, lembrei-me de gentilezas… e me enchi de amor”, completa a bibliotecária.

Outros livros da mesma autora:

Jardins, com ilustrações de Roger Mello (Editora Global)

Qual a palavra?, com ilustrações de Vitor Tavares (Editora Paulinas)

Pois é, poesia, vários autores (Editora Global)

Como é um livro com vários autores, podemos chama-lo de antologia. Neste livro, nem sempre os poemas rimam. Eles tratam de diferentes sentimentos e “coisas”. Vários são bem profundos e mostram diferentes jeitos de olhar que nos deixam pensativos e nos fazem ver de outra forma o que antes pensávamos diferente. “Ao final da leitura fiquei muito triste, pois os poemas são fortes e alguns senti de forma intensa”, conta Dina.

Pois ia, brincando, Gil Veloso. Ilustrações: Alex Cerveny. (Editora Dedo de Prosa)

Aqui, o autor brinca com as palavras, formando rimas com assuntos bem variados. Cada título dá início a uma brincadeira e nos leva a rir muito. “Com esta leitura pude voltar para minha infância e lembrar de brincadeiras que fazíamos antigamente. Fiquei encantada pelo livro!”, diverte-se a bibliotecária. “Além do texto, as ilustrações também causam graça e dá ainda mais vontade de ler”, completa.

É isso ali, José Paulo Paes. Ilustrações: Walter Vasconcelos. (Editora Salamandra)

O autor brinca com as letras do alfabeto, formando poesia com cada uma delas, dando nomes aos objetos, bichos e sentimentos. Também tem charadinhas, piadas e adivinhas. Ele traz vários assuntos que são tratados na escola e que precisamos aprender, só que de uma maneira bastante engraçada. A começar pelo subtítulo, que indica que é um livro para adulto-infanto-juvenis, ou seja, para toda a gente!

Outros livros do mesmo autor:

Olha o bicho, com ilustrações de Rubem Matuck (Editora Ática)

Lé com cré, com ilustrações de Alcy (Editora Ática)

Memórias inventadas para crianças, Manoel de Barros. Ilustrações: Martha Barros. (Editora Alfaguara)

“Apesar do título indicar memórias inventadas, ele fala de histórias reais, pois eu mesma vivi algumas. É interessante que o livro faz pensar que a vida tem várias formas de ser vivida e que temos vários momentos felizes, em que o simples é muito bonito, de se ver, de se viver e de se ler. Este livro fala um pouco da minha própria história”, explica Dina.

Outros livros deste autor:

Livro das ignorãças, (Editora Alfaguara)

Cantigas por uma passarinho à toa, com ilustrações de João Kammal, (Editora Companhia das Letrinhas)

O meu quintal é maior do que o mundo, (Editora Reviravolta). PDF completo para leitura.

O nome da manhã, Marina Colasanti (Editora Global)

A obra reúne 49 poemas, que tratam de muita beleza. A autora usa rimas e trata de assuntos variados, descrevendo pequenos detalhes do dia a dia. Deixa o leitor encantado pois a forma faz com que se possa enxergar o que ela fala de forma muito singular. São poemas que deixam a gente a pensar… de forma muito amorosa.

Antologia ilustrada da poesia brasileira para todas as idades, Adriana Calcanhoto (Editora Edições de Janeiro)

Livro com vários poemas de autores diferentes, selecionados por Adriana Calcanhoto, a cantora de música para jovens, adultos e crianças.

“Cada autor escolhido tem estilos diferentes, isto é: formas diferentes de colocar as palavras e tratar os assuntos. A ilustração também é da autora e é muito boa. Indico para quem quer conhecer uma variedade de autores e poemas”, diz Dina.

Na sequência, iremos mergulhar nas reflexões e indicações de Fabiana:

“Acredito que assim como o corpo pode dar sinais de que precisa de certos nutrientes, a alma também sinaliza o desejo de certas leituras. Talvez por isso, ultimamente tenho sentido vontade de ler poemas. Em tempos sombrios, não é difícil perceber o quão essenciais as artes e a literatura são em nossas vidas, ambas nos convidam a desanuviar, nos transportam para outros lugares, nos despertam emoções.

A leitura de um poema pode trazer memórias, ora tristes ora felizes, ou apenas memórias de um tempo distante ou de alguém que marcou a nossa vida. E foi assim, mergulhando na poesia de Adélia Prado, que eu me senti.

Um poema também, assim como a literatura em geral, pode nos despertar a empatia e foi essa sensação que me trouxe a obra de Manuel Bandeira, que também selecionei para indicar.”

Reunião de poesia, Adélia Prado (Editora BestBolso)

Esta antologia reúne 150 poemas organizados a partir dos livros: Bagagem (1976), O coração disparado (1978), Terra de Santa Cruz (1981), O pelicano (1987), A faca no peito (1988), Oráculos de Maio (1999) e A duração do dia (2010). Dos 150 poemas, 133 foram selecionados especialmente pela autora. Além disso, contém prefácio de Adilson Citelli.

Adélia Prado nasceu em Divinópolis (MG), em 1935. Graduou-se em filosofia, em 1973, e no mesmo ano enviou seus poemas para Affonso Romano de Sant’Anna, que por sua vez, encaminhou-os ao poeta Carlos Drummond de Andrade, que a elogiou e disse que era um “fenômeno”. A partir daí, Adélia não parou mais de escrever.

Esta obra permite vários tipos de passeios, por memórias simples, como no poema “Para comer depois”, em que descreve perfeitamente um dia de domingo numa cidade do interior; ou pelo sagrado, como no poema “A filha da antiga lei”.

A fé é uma constante em sua obra, assim como o cotidiano da família, como no poema “Ensinamento”.

Feminismo, erotismo, família, fé, filhos, doença, como diz a autora, tudo isso é “vidinha” e viram poemas em versos simples e cheio de memórias de Adélia. Talvez pela educação religiosa, por ter nascido e crescido numa cidade do interior de Minas Gerais, por ter perdido a mãe muito cedo, por ter sido dona de casa, a poesia de Adélia é de linguagem simples combinada a uma sofisticação singular.

No YouTube há disponíveis duas entrevistas de Adélia Prado ao programa Roda Viva, da TV Cultura (em 1994 e em 2014). É maravilhoso ouvir a poeta e seu jeito simples e sincero de contar como escreve seus poemas.

A cinza das horas, Manuel Bandeira (Editora Global)

A cinza das horas é a obra de estreia de Manuel Bandeira, publicada em 1917. O livro traz poemas que o autor escreveu durante sua internação em sanatórios. Muito jovem, aos 18 anos, Bandeira foi diagnosticado com tuberculose e teve de ir à Suíça a fim de tratar a doença, que na época, era praticamente uma sentença de morte e foi em sua reclusão, naquele país, que escreveu alguns poemas deste livro.

É notável a sua escrita melancólica. Por vezes, a solidão é latente em seus versos. Logo nos primeiros poemas (“Epígrafe” e “Desencanto”) percebe-se uma angústia profunda. É comovente. Mas o poeta não escreveu somente sobre a tristeza, escreveu também sobre autores que lhe influenciaram, como no poema “A Camões”; sobre a família, como em “Carta de meu avô”, “Elegia para minha mãe” e “A minha irmã”.

Bandeira também soube usar as palavras para falar de amor e erotismo, de maneira simples e com muita delicadeza, como nos poemas “Ternura”, “Poemeto erótico” e “Boda espiritual”.

“Não é por acaso que Manuel Bandeira é um dos maiores escritores brasileiros e este livro se tornou um clássico. A obra foi apenas o início de uma longa caminhada do autor e sem dúvida me fez admirá-lo ainda mais e querer conhecer outras obras. No podcast da Revista 451, o crítico Davi Arrigucci Jr. conversa com Paulo Werneck, sobre e o livro “Humildade, paixão e morte”, publicado recentemente, em que fala sobre como a doença fez com que Bandeira vivesse uma “longa vida provisória”. Vale a pena conferir!”, indica Fabiana.

As meninas e o poeta, Manuel Bandeira. Ilustrações Graça Lima. (Editora Nova Fronteira)

Bandeira não escreveu apenas para adultos, também tem obras voltadas para as crianças. O livro “As meninas e o poeta” foi organizado por Elias José e nesta edição ganhou ilustrações de Graça Lima.

Devido aos problemas de saúde e sua reclusão já comentada, Bandeira acabou não se casando, mas tinha muitos amigos casados. Neste livro, homenageia as filhas de seus amigos com poemas cheios de rimas, carinhos e graça. Cada poema leva o nome de um das meninas e eram entregues em forma de bilhetes em aniversários, batizados ou nascimentos.

É muito curioso ler os poemas e imaginar um dos maiores poetas brasileiros escrevendo quase que de brincadeira.

A seguir, trazemos também as indicações de Sandra:

“É sempre um desafio selecionar dentre tantas obras de nosso acervo e de lançamentos, os livros para compartilhar com nossa comunidade. Mas, ao mesmo tempo, uma satisfação por imaginar que de alguma maneira nos aproximamos dos leitores e que podemos assim, mesmo de longe, trocar ideias e compartilhar sugestões de leitura.

Cada coisa, Eucanaã Ferraz. Ilustrações: Eucanaã Ferraz e Raul Loureiro. (Editora Companhia das Letrinhas)

Eucanaã Ferraz já é conhecido autor de obras de qualidade. Além de poeta, também é professor e assim amplia a formação de leitores de diferentes modos.

“No livro “Cada coisa”, assume o desafio de seguir o alfabeto e falar de “coisas” de nosso dia a dia. Mas, como é de se esperar pela qualidade literária que sempre apresenta, seus poemas aqui fazem jogos de palavras e pensamentos que divertem e provocam seus leitores com convites inusitados para pensar sobre o quê e como se pode dizer sobre “a coisa” em pauta, como no trecho do poema Chapéu, meu preferido”, diz Sandra.

(…)

A chuva molharia o chapéu

se houvesse um chapéu

em cima de sua cabeça, mas

não molharia o que se passa

dentro da sua cabeça.

Pense nisso: quando você pensa

num chapéu, o chapéu

está dentro da sua cabeça.

“Puro deleite ler e conversar com as crianças sobre as imagens que se criam e o que nos incitam a pensar”, completa a bibliotecária.

O projeto gráfico e as ilustrações são outro destaque deste livro em capa dura. Fotos antigas recortadas e imagens computadorizadas juntas criam cenas e composições que demandam pausa e apreciação.

Bichos Poéticos – histórias em versos, Roberto Guimarães. Ilustrações: Ana Starling. (Editora Peirópolis)

Bichos Poéticos é um pequeno box com 4 livros de histórias em versos. Com projeto gráfico cuidadoso, os livros convidam a partilhar a leitura com os bem pequenos. As imagens em formas geométricas e o texto bem cuidado chamam muito a atenção e é de se esperar que peçam a repetição da leitura uma vez mais e mais.

O número 1 no box parece indicar que vem lá uma coleção, mas por enquanto só este está disponível.

[um amor feliz], Wislawa Szymborska. (Editora Companhia das Letras)

Conheci Szymborska por meio de um poema que recebi de uma amiga e que me impactou pela simplicidade e ao mesmo tempo pela profundidade. O poema se chama Vietnã:

Mulher, como te chamas? – Não sei.

Quando nasceste, tua origem? – Não sei.

Por que cavaste um buraco na terra? – Não sei.

Há quanto tempo estás aqui escondida? – Não sei.

Por que mordeste o meu anular? – Não sei.

Sabes, não te faremos mal nenhum. – Não sei.

De que lado estás? – Não sei.

É tempo de guerra, tens de escolher. – Não sei.

Existe ainda a tua aldeia? – Não sei.

E estas crianças, são tuas? – Sim.

“No momento em que li fiquei pensando em como um poema tão curto encerrava tanto sentido. Nada sobrava. O título dava o contexto. As respostas monossilábicas os sentimentos. As perguntas, contavam uma história. E tudo isso junto me tocou fortemente. Quis ler mais e cheguei ao livro [um amor feliz]. Nele é possível fazer uma imersão na obra da poeta, pois podemos conhecer alguns poemas selecionados que vão de 1957 a 2012. E, como bônus, podemos ler o discurso de Szymborska quando recebeu o prêmio Nobel, em 1996.

Para finalizar, vamos acompanhar as indicações de Joelsa, que parte de uma reflexão sobre o momento atual:

“Chegamos ao segundo semestre de 2020. Um ano tão atípico que tirou todos nós do lugar em que estávamos e nos levou para o denso e o imprevisível. Nestes momentos, a angústia ou o medo são muito comuns. É natural que a mente queira buscar um espaço onde possa encontrar afeto, afago, leveza, criatividade e criticidade. Sem a pretensão de sugerir uma ‘sessão de terapia’, selecionei alguns autores e faço um convite a TODOS”:

POEME-SE

LEMINSKI-SE

DRUMMONDE-SE

E QUE O MUNDO

QUINTANE-SE

MUSIQUE-SE

BUARQUE-SE

LENINE-SE

E QUE O MUNDO

CAETANE-SE

(Vânia Jordão)

Júbilo, memória, noviciado da paixão*, Hilda Hilst (Editora Globo)

Hilda Hilst é uma mulher incomum, irreverente, sem filtro e “desbocada” na literatura, mas nesta obra o leitor não irá encontrá-la assim.

A incomum autora não se prende a métrica e a forma, ela passa seu recado do que vai ser encontrado na obra, já no primeiro verso de abertura:

Se te pareço noturna e imperfeita

Olha-me de novo.

Todo o livro está marcado por um sofrer de amor tórrido onde o objeto de amor se faz ausente, o que nos faz pensar se é proposital para trazer a carga intensa do amar num vocabulário elegante e profundo.

Seus poemas, na obra, não têm títulos (só numeração) e ela vai “pendurando” as palavras no verso e nos transporta para o jogo. O jogo das palavras é um caminho de mão única e solitário.

Por que tu sabes que é de poesia

Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,

Que a teu lado te amando,

Antes de ser mulher sou inteira poeta.

E que o teu corpo existe porque o meu

Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,

É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante

Quando amanhece e dizes adeus.

Existem alguns poemas de Hilda Hilst no YouTube, musicados por Zeca Baleiro e cantados por diversos cantores. Selecionei um cantado por Rita Ribeiro para degustar, verbo de ação que combina bem com a autora.

Sentimento do mundo*, Carlos Drummond de Andrade (Editora Record)

Carlos Drummond de Andrade escreveu o livro “Sentimento do mundo” em meio à segunda guerra mundial. O seu olhar diante da morte e da escassez e sua poesia trazem o registro da realidade e captam os acontecimentos com sensibilidade e clareza.

Para o autor, a palavra e a poesia são instrumentos de reação às incertezas e ao medo diante da vida num momento em que o mundo estava em grande conflito. A dureza da realidade torna-se quase palatável de tão poética.

Ler esta obra, passear em seus versos é compartilhar angústias, nos tira do peito o grito, o manifesto de dor diante da realidade de hoje e pode nos confortar os sentidos com o belo da poesia. Ouça Drummond declamar um de seus poemas – Mundo Grande – presentes na obra.

Que a poesia nos conforte!

* Estes livros atualmente contam com nova edição pela editora Companhia das Letras.

Toda poesia, Paulo Leminski (Editora Companhia das Letras)

Paulo Leminiski surgiu da “geração do mimeógrafo”, em protesto às condições que o regime militar no Brasil impôs às expressões artísticas no período. O autor extrapola o limite da poesia marginal, dialoga com a poesia concreta, brinca com o fonema, com a forma, com haicais e com a experiência visual.

Ler essa coletânea é um convite a experimentar o lúdico com as palavras, porque o autor foge do óbvio, deixa o leitor inquieto com suas ideias, o que confirma seu talento.

Para compreender o convite à Leminski, segue um “aperitivo” do livro:

Poemem-se e boas leituras,

Equipe da biblioteca

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