…todos precisam. O paraíso está pronto, só basta cuidar”. A fala potente é de Leide, moradora da comunidade Caribi, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã, Amazonas. Ela aparece em um vídeo produzido por alunos da 1ª série do Ensino Médio que visitaram a Amazônia em julho, em viagem de estudos promovida pelas disciplinas de Meio Ambiente e Práticas em Cidadania.
O vídeo foi exibido no teatro do Colégio, na manhã de hoje, 19 de setembro. Na plateia, não havia um só lugar. Os alunos do Ensino Médio vieram em peso escutar o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Dom Cláudio Hummes, falar sobre a região amazônica.
O Colégio tem um vínculo de longa data com essa parte do Brasil. Há 20 anos nossos alunos são levados para a região amazônica e convidados a fazer uma imersão no modo de vida das comunidades ribeirinhas da Amazônia, dos Lençóis Maranhenses e de aldeias indígenas Xavantes ou do Xingu. O trabalho proposto estimula a reflexão sobre todas as questões que envolvem esse território e as populações que o habitam.
Pela primeira vez na história, o Sínodo, que é uma espécie de assembleia dos bispos de todo o mundo, é dedicado a uma região geográfica específica. Com o tema “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, o evento acontecerá no Vaticano entre os dias 6 e 27 de outubro deste ano.
Dom Cláudio, que foi nomeado pelo Papa Francisco como relator geral do Sínodo para a Amazônia, conhece muito bem a região. Só para elaborar o documento do Sínodo, a Igreja ouviu mais de 80 mil pessoas. Em sua fala, ele afirmou que a crise ambiental e climática aflige o mundo inteiro. “Tratar do tema é urgente, a vida no planeta está ameaçada. A Amazônia faz parte da sustentabilidade da terra e precisamos defendê-la.”
Para dar conta dessa árdua tarefa, o arcebispo convocou os alunos: “Os jovens acendem luzes para os mais velhos. Vejam o exemplo da adolescente sueca Greta Thunberg, ela nos provoca perguntando ‘nosso futuro é não ter futuro?'”.
Na sequência, Dom Cláudio respondeu perguntas dos alunos, inclusive sobre como seria a atuação da igreja católica na Amazônia, especialmente nas comunidades indígenas. “Somos todos filhos da terra, os índios são nossos irmãos. Mas eles têm história própria, cultura própria, língua própria e religião própria. Para atuar lá, precisamos de uma Igreja com ‘rosto amazônico’ e, por isso, deverá ser uma Igreja inculturada.”
Fechando a manhã, o arcebispo foi convidado a inaugurar uma instalação em formato de oca, construída na praça central do Colégio, com exposição multimídia curada pelos alunos.