Juliana Chachamovitz Leão de Salles é formada em Administração e sempre atuou na área de Recursos Humanos nos diversos segmentos em que trabalhou: no setor de energia, na indústria, em ONG. Há quatro anos, chegou ao Colégio Santa Cruz como diretora do RH. “Quando saí do mundo corporativo para o da educação, me dei conta de que a cultura organizacional e de relações é maior. São carreiras longas, as pessoas têm um envolvimento diferente com o trabalho. Para ser bom professor, tem que ter vocação, não é uma profissão qualquer”, diz Juliana.
Como é dirigir o RH de um Colégio como o Santa Cruz?
A escola é uma empresa de médio porte que trabalha no setor de educação, tem CNPJ, contratos de trabalho. Sua finalidade é educacional, mas tem que ter toda a estrutura de gestão de uma empresa. Temos 540 funcionários, que vão de jardineiros a professores, lidamos com regras e legislações de diferentes sindicatos. O desafio é fazer a gestão das pessoas: como tratar, como fazer com que se desenvolvam, discutir carreiras. Olho para o corpo de funcionários como olho para os professores, todos têm que trabalhar para a mesma finalidade.
“Todo mundo trabalha com gente, a diferença é que no RH trabalhamos para gente. Nosso objeto de trabalho são as pessoas, tem que se interessar, ver como evoluem, cuidar das relações.”
O que é de responsabilidade do RH?
Fazemos a administração de pessoal, que inclui lidar com as relações trabalhistas, o atendimento à legislação, aos sindicatos e acordos coletivos, a folha de pagamento, os benefícios, enfim, o mínimo necessário para uma empresa funcionar em termos de contratação de pessoas. Mas também atuamos no processo de seleção e desenvolvimento dessas pessoas: que perfil buscar e, depois que estão aqui, como acolher e integrar, como fazer com que desempenhem seu trabalho da melhor forma, que capacitações oferecer, como avaliar, que tipo de movimentações internas fazer… Tudo o que diz respeito à carreira delas no Colégio.
Como o RH dá conta de administrar tantos funcionários?
A área de Recursos Humanos cria as políticas e os processos, mas trabalhamos com um grupo de gestores. Passou de um certo tamanho, uma organização só vai funcionar bem se tiver um corpo de gestores bem preparados e alinhados. Aqui, temos um grupo de 25 pessoas que formam nosso “pelotão de frente”.
Os funcionários passam por algum processo de avaliação?
Sim, entrou em nossa rotina e fazemos uma vez por ano. Desenvolvemos cuidadosamente esse trabalho para que as pessoas entendam o sentido de serem avaliadas e que o processo seja proveitoso. Sentamos com cada gestor para discutir como será a avaliação dos funcionários da área dele e o que se espera de cada cargo e função. Depois, contamos para os funcionários que vamos iniciar esse processo, para que ele serve, como pode ser usado em seu benefício. O grande objetivo da avaliação é a conversa entre o funcionário e o seu gestor. Esse é o momento de alinhar expectativas, aprender com o que passou e planejar o que virá.
“Para mim, a avaliação tem que ser simples e eficaz, não é para ser um processo complicado e doloroso, é uma oportunidade de discutir a carreira da pessoa.”
No Santa Cruz vemos carreiras muito longas. Como lidar com isso?
Tem a ver com o estilo do Colégio: valorizar a tradição e o que foi construído e, ao mesmo tempo, olhar para o que está chegando e pensar em inovar o que é necessário. O grande desafio é conseguir juntar as duas coisas, o novo e o antigo. Quando você trabalha em um lugar em que as pessoas ficam muito tempo, tem um lado bonito nisso, elas são extremante leais e comprometidas, mas também tem um risco. O funcionário precisa ter a capacidade de se atualizar, se renovar. Entramos aí para ajudar, mantê-lo estimulado e motivado. Conseguimos criar caminhos para as pessoas progredirem na carreira aqui dentro: mais de 20% das vagas que oferecemos são preenchidas por nossos próprios funcionários. Eu acredito que, mais do que ascender, as pessoas querem continuar aprendendo, querem se sentir desafiadas.
Como o Colégio ajuda seus profissionais a se desenvolverem?
Trabalhamos já há alguns anos em formação, capacitação e aperfeiçoamento. A escola tem um orçamento anual que é dirigido para formação interna. Esse orçamento vem crescendo, o que é um bom sinal. No início do ano, planejamos para onde vamos dirigir nossos esforços: cada diretor planeja o que quer oferecer para a equipe de professores e funcionários. Também temos uma política de subsídio para cursos de longa duração que professores e funcionários queiram fazer. E investimos muito em cursos internos, na área de comunicação e tecnologias voltadas para o trabalho. Na área pedagógica, incentivamos grupos de estudo, trazemos especialistas para falar com os professores e esse ano iniciamos um programa de formação para professores ingressantes. Será uma ótima oportunidade para organizar todo o conteúdo produzido aqui no Colégio: vamos registrá-lo e criar mecanismos para compartilhá-lo.
“É uma delícia trabalhar com gestão de conhecimento em uma escola, né? Conhecimento é o que não falta.”
Como é o processo seletivo de novos funcionários?
O processo seletivo tem pelo menos 3 etapas, quantas forem necessárias até termos segurança na escolha. Usamos bastante nosso banco de dados, que é o Trabalhe Conosco. Também recebemos muitas indicações, que é uma fonte valiosa. A pessoa indicada passa pelas mesmas etapas. O processo depende um pouco do cargo: para professor assistente, por exemplo, que geralmente têm muitas vagas, fazemos análise de currículo, uma prova escrita, uma dinâmica de grupo e ainda uma entrevista individual; para professores que já vão assumir classe, além de todas essas etapas, os finalistas fazem uma aula-teste, já que, necessariamente, precisamos vê-los em ação e, por fim, uma entrevista com o diretor. Durante o processo, encontramos várias vezes com o candidato. Queremos vê-lo em diferentes situações para conhecê-lo e para que ele possa conhecer a escola e ver se é isso que está buscando. Muitas vezes, as pessoas chegam com uma imagem do Santa Cruz, mas não sabem como é o trabalho aqui, o que se espera. O processo seletivo também serve para isso: é uma escolha mútua.
“Fazemos questão de dar retorno para 100% dos candidatos, temos respeito por ele, que se empenhou, passou por várias etapas, é justo que tenha uma devolutiva, mesmo não ficando com a vaga.”
Qual a melhor forma de mandar o currículo para o Colégio?
Em nosso site (www.santacruz.g12.br), é só clicar na aba “Contato” e depois em “Trabalhe conosco”. Lá, é possível cadastrar o currículo. A ferramenta é um pouco trabalhosa de preencher, mas é de lá que tiramos as informações para triar as pessoas para a próxima etapa. Isso poupa nosso tempo e o da pessoa também. Vale a pena se dedicar, preencher com calma. Para se ter uma ideia, para algumas vagas, recebemos mais de mil currículos.
Qual a melhor época para participar dos processos seletivos?
Para professor, o segundo semestre é o mais quente. A partir de setembro, começamos a focar nos processos seletivos que vão até janeiro. Uma coisa que quero implementar é ir fazendo o processo mesmo quando não temos vaga. Podemos entrevistar pessoas ao longo do ano inteiro e assim ir formando uma rede de candidatos que já conhecemos, que já conhecem a escola e, quando surgir a vaga, estaremos mais adiantados.