Imagine ter alta de um hospital, ainda desmemoriado, sem documentos, dependendo da ajuda de desconhecidos até para poder comer… Era esta a situação de Aleci Ferreira quando chegou ao Serviço de Documentação do SAN. Trazido por um senhor que se compadeceu do caso, ele se lembrava apenas do nome e da cidade de Muniz de Freire, no Espírito Santo. A partir dessas informações, iniciou-se uma verdadeira investigação. O pessoal do SAN entrou em contato com o CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) da cidade capixaba e descobriu que Aleci era caminhoneiro, casado, com filhos, e, há três anos, sofrera um acidente. Desde então, estava desaparecido. A mulher, achando que ele havia morrido, casou-se novamente. A mãe estava acamada de tão deprimida pelo desaparecimento do filho. Mas a história teve um final feliz: de posse de seus documentos, Aleci voltou para cidade natal e decidiu ficar com os pais para começar um tratamento e retomar sua vida.
Casos como esse fazem parte do dia-a-dia de Patrícia Zorovich Pierini, assistente social, que está no Colégio desde 2005. Começou como secretária dos pais voluntários, cuidando de dois grandes eventos – a Festa Junina e a Feijoada – até que, em 2013, tornou-se supervisora de filantropia da Casa do SAN. É responsável pelo serviço de documentação que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Nosso público é formado por aqueles que perderam seus documentos em incêndios e alagamentos, estão na rua ou saíram de reclusão. Também atendemos casos de solicitação de benefícios. Mais do que conseguir os documentos, o que fazemos é reintegrar a pessoa”, conta Patrícia.
Entre um atendimento e outro, Patrícia explicou em detalhes o serviço prestado pelo SAN.
Quem é o público-alvo do serviço de documentação do SAN? Como eles chegam até vocês?
Atendemos pessoas de vários bairros de São Paulo, sempre priorizando o indivíduo em situação de vulnerabilidade social. Ficam sabendo de nosso serviço por indicação de outros atendidos, alguns vindos de cidades vizinhas e até de outros estados para tratamento médico ou visita aos familiares. As pessoas são encaminhadas por vários órgãos: prefeituras, CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), CREAS, SEAS (Serviço Especializado de Abordagem a Adultos em Situação de Rua), Poupatempo, centros de acolhida e albergues, Secretaria de Administração Penitenciária, Santa Casa e associações de moradores.
O que o serviço oferece?
Nós fornecemos fotos para documentos como RG, carteira profissional, certidão de reservista, formulário de empresa e curriculum; cópias de documentação; solicitamos segundas vias de certidão de nascimento, de casamento e de óbito e histórico escolar. Além disso, doamos roupas e calçados para pessoas em situação de rua.
De onde vêm os recursos que custeiam o serviço?
Nossos recursos vêm 100% do Colégio Santa Cruz.
Quais os resultados alcançados?
O serviço de documentação contribui para o resgate da autoestima e da cidadania de mais de 7 mil pessoas por ano, possibilitando que cada atendido tenha acesso aos seus documentos, para assim dar continuidade à solicitação de benefícios, para se inserir no mercado de trabalho e, em alguns casos, poder retornar ao Estado de origem.